Entre a terça-feira 20 e a sexta-feira 23 de outubro terá lugar na UERJ o XII Fórum de Estudos Linguísticos (FELIN). Nesta XII edição a língua e literatura galega também estarão presentes, através de três comunicações na Mesa coordenada pela professora Claudia Amorim, baixo o título Identidade(s): Língua, Literatura, Cultura.
- Thayane Gaspar: O celtismo na poesia de Ramón Cabanillas
- Asafe Lisboa: Galego, português, uma questão de língua e familiaridade
- Denis Vicente: A construção do galego legítimo. Identidades e ideologias
O celtismo na poesía de Ramón Cabanillas
Este trabalho busca investigar os elementos celtas usados na representação de uma identidade nacional na poesia de Ramón Cabanillas, revelando por meio deles a ligação entre Galícia e Irlanda. Com a análise dos poemas (“Irlanda!” e “A Brañas”) muito significativos no contexto do celtismo galego dos séculos XIX e XX, pode-se perceber como o poeta traz à tona as ideologias nacionalistas, o passado celta através das correntes chamadas de panceltista e atlantismo, mesclando literatura com as reivindicações daquela época. O poeta nacional se lança como o poeta messiânico, esperado num momento de renascimento da cultura, da língua e da história de Galícia. Para isso, serão analisados dois poemas presentes na obra Da Terra Asoballada, obra de cunho cívico, na qual o patriotismo e o nacionalismo depositam suas esperanças no sucesso obtido na renascença pela qual a Irlanda passou e por conta disso, a Irlanda se torna um modelo a ser seguido pelos galegos como demonstrarão os poemas.
Galego, português, uma questão de língua e familiaridade
É comum estudarmos a língua portuguesa e suas literaturas a partir das reminiscências mais óbvias. O resultado desse estudo geralmente conduz à paragens bem conhecidas, localizadas sobretudo na Península Ibérica, e a outras mais remotas, na Península Itálica. Uma região fundamental, entretanto, segue praticamente ignorada: a Galiza. O presente artigo busca apresentar uma perspectiva que leve em conta a estreita (e muitas vezes conflitante) relação entre o português e o galego. A partir da manifestação literária mais antiga da península ibérica, a lírica trovadoresca, constata-se o pleno florescer do galego–português como língua de expressão poética. No âmbito da prosa, porém, há um esforço para denominar o que vem a ser estritamente galego e estritamente português. Essa tentativa de cisão, que se processa aparentemente apenas na literatura, na verdade é o gérmen de um apagamento deliberado da origem galega da língua portuguesa.
A construção do galego legítimo. Identidades e ideologias
A oficialização da primeira norma escrita do galego teve lugar no ano 1982. Até esse momento, por causa da perda de soberania da Galícia ao longo da sua história e a impossibilidade de criar instituições próprias em que o galego fosse língua oficial das administrações e da escola, a língua utilizada foi o castelhano, e o latim no âmbito eclesiástico. A criação da norma oficial da língua teve lugar em meio de muitas polêmicas, que atendem fundamentalmente a critérios ideológicos e identitários, a que papel deve ter o galego na sociedade e no marco internacional, e como deve ser a focagem da proposta glotopolítica de ‘normalização linguística’, de recuperação de espaços e usos para a língua na sociedade, após séculos de marginalização. Procuramos, assim, analisar este processo no seu marco histórico, e também as repercussões que teve para o galego no espaço do português, e nas políticas linguísticas aplicadas na Galícia.
Mais informação em http://www.felin.pro.br/
Uma consideração sobre “O galego no XII Fórum de Estudos Linguísticos (FELIN) da UERJ”